quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Alcaçuz


Texto e foto: Andréa Haddad



Estou olhando e não lhe enxergo...
Numa busca frenética pela sala minha cabeça se desmancha pelo teu cheiro...
Como rio caudaloso, sinto tua presença insana e profunda em minha corrente sanguínea.

O que é você em mim, essa fantasmagoria, esse descaso, essa doçura que me arrebata a boca e conduz em minha pele um desejo daquilo que não mais será...

Onde estive enquanto tu me afagavas as coxas e alma... Devaneando a insana razão de não ser tudo em ti e para ti.

Hoje tocas no escuro de meu buraco negro, esse devorador magnético de tudo que não me importei.

Fatalidade de quem carrega nos braços o germe da solidão e do abandono de si mesmo, de suas mais delicadas palavras e ações.

Tu viestes assim na manhã serenada da lua, abrindo clareira e picada em minha densidade humana.

Hoje me cala fundo a presença de sua eterna falta!